Prebióticos, Pós-bióticos e Probióticos no tratamento oncológico, quando indicar?

Tatiane Correia Rios de Oliveira e Sousa

Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO / Salvador-BA

 

Prebióticos, Pós-bióticos e Probióticos no tratamento oncológico, quando indicar?

 

A microbiota intestinal tem amplos efeitos que podem contribuir positivamente no sistema imunológico de pacientes em tratamento antitumoral. O grande desafio é descobrir qual a melhor estratégia para modular esta microbiota. Diversos ensaios clínicos estão testando a eficácia das abordagens que variam desde modificações dietéticas até o uso de bactérias modificadas por engenharia intratumoral 1,2.

Além disso, os pacientes também têm buscado serem mais ativos em seu tratamento através de modificações do seu padrão alimentar habitual com o uso de suplementos de prebióticos, probióticos ou pós-bióticos, porém sem a devida orientação de um profissional.

Sabemos que a dieta pode influenciar na composição bacteriana intestinal ao longo da vida humana, uma composição celular estável com bactérias dos filos Bacteroidetes, Firmicutes podem variar para tipos não desejados como as Proteobacterias e promover um desequilíbrio conhecido por disbiose. Dessa forma os nutrientes presentes nos alimentos podem inibir ou promover o crescimento destes microrganismos e por isso, profissionais de saúde precisam estar habilitados para oferecer as orientações seguras3.

Os pacientes em tratamento oncológico podem ser orientados a consumir prebióticos na forma de alimentos. Eles são fibras não digeríveis que estimulam o crescimento e/ou atividades de alguns gêneros no cólon como Lactobacilos e Bifidobactérias. Entre as fontes de prebióticos temos a inulina presente na chicória, no alho, na cebola e alguns cereais integrais, temos também os frutooligosacarídeos (FOS) presentes na banana, tomate, aveia, cevada entre outros alimentos4,5.

Os pós-bióticos são conhecidos como qualquer substância liberada ou produzida através da atividade metabólica do microrganismo, que exerce um efeito benéfico sobre o hospedeiro, diretamente ou indiretamente. Portanto, como os prebióticos, os pós-bióticos parecem não ter efeitos colaterais graves, por não conterem microrganismos vivos, porém necessitam de mais estudos na área oncológica para confirmar sua segurança para pacientes em tratamento6.

Já os probióticos parecem ter efeitos benéficos quando usados em pacientes pré-cirúrgicos de câncer de cólon na redução de complicações, como também para melhora de toxicidades gastrointestinais decorrentes da quimioterapia e radioterapia. Porém deve-se ter cautela em pacientes neutropênicos devido risco de bacteremia, evitando a prescrição em situação de neutropenia moderada a grave (neutrófilos ≤ 1.500 células/mm3 ) e cuidado também com a cepa utilizada, pois alguns estudos relatam que em comparação com Bifidobacterium, os Lactobacilos foram mais propensos a causar infecção7-17. Segundo diretrizes nacionais e internacionais são necessários ensaios clínicos maiores e bem controlados para que se possa recomendar o uso de probióticos sem ressalvas durante o tratamento11-14.

De fato, uma melhor compreensão das funções das bactérias intestinais e seus metabólitos pode ajudar no tratamento antineoplásico, mas encontramos dados na literatura que um estilo de vida saudável pode ajudar nossos pacientes a modular esta microbiota como a prática de exercício, uma boa noite de sono, a utilização de estratégias para minimizar o estresse e principalmente comida de verdade, ou seja, um padrão alimentar com boas fontes de frutas, vegetais e grãos integrais diariamente.

Referências

  1. Referências
    1. Sepich-Poore GD, Zitvogel L, Straussman R, Hasty J, Wargo JA, Knight R. The microbiome and human câncer. Science (2021) 371, 1331. DOI: 10.1126/science.abc4552
    2. Cresci GA, Bawden E. The Gut Microbiome: What we do and don’t know. Nutr Clin Pract (2015) 30(6): 734–746. DOI:10.1177/0884533615609899
    3. Weiss GA, Hennet T. Mechanisms and consequences of intestinal dysbiosis. Cellular and Molecular Life Sciences (2017) 74(16):2959-2977. DOI: https://doi.org/10.1007/s00018-017-2509-x
    4. Oliveira G, González-Molero I. An update on probiotics, prebiotics and symbioticsin clinical Nutrition. Endocrinol Nutr (2016). DOI: 10.1016/j.endonu.2016.07.006.
    5. Pandey KR, Naik SR, Vakil BV. Probiotics, prebiotics and synbiotics- a review. J Food Sci Technol (2015) 52(12):7577–7587. DOI 10.1007/s13197-015-1921-1
    6. ˙Zółkiewicz J, Marzec A, Ruszczy ´ nski M, Feleszko W. Postbiotics—A Step Beyond Pre- and Probiotics. Nutrients (2020) 12, 2189. DOI:10.3390/nu12082189
    7. Lu K, Dong S, Wu X, Jin R, Chen H. Probiotics in Cancer. Front. Oncol (2021) | https://doi.org/10.3389/fonc.2021.638148
    8. Xu Q, Xu P, Cen Y. Effects of preoperative oral administration of glucose solution combined with postoperative probiotics on inflammation and intestinal barrier function in patients after colorectal cancer surgery. Oncol Lett (2019) 18:694–8. DOI: 10.3892/ol.2019.10336
    9. Zhao R, Wang Y, Huang Y, Cui Y, Xia L, Rao Z, et al. Effects of fiber and probiotics on diarrhea associated with enteral nutrition in gastric cancer patients: A prospective randomized and controlled trial. Medicine (Baltimore) (2017) 96:e8418. DOI: 10.1097/MD.0000000000008418
    10. Linn YH, Thu KK, Win NHH. Effect of Probiotics for the Prevention of Acute Radiation-Induced Diarrhoea Among Cervical Cancer Patients: a Randomized Double-Blind Placebo-Controlled Study. Probiotics Antimicrob Proteins (2018) 11:638–47. DOI: 10.1007/s12602-018-9408-9
    11. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Consenso nacional de nutrição oncológica / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Gestão Assistencial, Hospital do Câncer I, Serviço de Nutrição e Dietética; organização Nivaldo Barroso de Pinho. – Rio de Janeiro: INCA, 2009. 126p.
    12. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Consenso nacional de nutrição oncológica / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Gestão Assistencial, Hospital do Câncer I, Serviço de Nutrição e Dietética; organização Nivaldo Barroso de Pinho. – 2. ed. rev. ampl. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2015. 182p.
    13. Diretriz Braspen De Terapia Nutricional No Paciente Com Cancer. Braspen Journal, v. 34, Supl3, p. 2–32, 2019.
    14. Muscaritoli M, Arends J, Bachmann P, Baracos V, Barthelemy N, Bertz H et al. ESPEN practical guideline: Clinical Nutrition in cancer. Clinical Nutrition. 2021.
    15. Erdman S. Microbes offer engineering strategies to combat cancer. Nat Rev Gastroenterol Hepatol (2016) 13:125–6. DOI: 10.1038/nrgastro.2016.14
    16. Yelin I, Flett KB, Merakou C, Mehrotra P, Stam J, Snesrud E et al. Genomic and epidemiological evidence of bacterial transmission from probiotic capsule to blood in ICU patients. Nat Med (2019) 25(11): 1728–1732. doi:10.1038/s41591-019-0626-9.
    17. Borriello SP, Hammes WP, Holzapfel W. Safety of Probiotics That Contain Lactobacilli or Bifidobacteria. Clin Infect Dis. (2003) 36:775–80. DOI: 10.1086/368080

     

     

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