Ana Paula Vieira Sandoval
Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO / São Paulo – SP
O CUIDADO HUMANIZADO AO PACIENTE COM CÂNCER
De acordo com o dicionário AURÉLIO a palavra HUMANIZAR, significa atribuir caráter humano, conceder ou possuir condição humana.
Conforme o Ministério da Saúde, foi implantado o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), após a Política Nacional de Humanização (PNH), com o objetivo de atender pacientes e profissionais da área da saúde, superando o simples atendimento e acesso a medicação, garantindo integridade desse atendimento e o respeito aos direitos dos pacientes1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doenças ou enfermidades”2.
Desta forma, para promover a humanização em serviços de saúde, faz-se necessário falar das esferas envolvidas: o hospital, a equipe de profissionais e o paciente, que devem estar em harmonia3.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer4. O impacto do diagnóstico não é uma tarefa tão simples, causa uma série de emoções e sentimentos, uma vez que a doença tem um estigma muito grande5.
Assim sendo, é de extrema importância o cuidado humanizado pela equipe multiprofissional que atende o paciente com câncer, independente da etapa que se encontra no tratamento, como por exemplo: neoadjuvante, adjuvante, curativo ou em cuidados paliativos, pois qualquer pessoa pode perceber a maneira humanizada ou não com que está sendo cuidada3,6.
O cuidado humanizado expande a ideia de qualidade. A qualidade se refere não só ao que é material, mas também humano, por isso o cuidador deve apresentar habilidades como dinamismo, sensibilidade, solidariedade, segurança, carisma, ética e competência profissional. Através destas competências, é possível minimizar o sofrimento do paciente com câncer, pois estaremos compreendendo enquanto seres biopsicossociais, respeitando sua individualidade, crenças e os seus direitos3.
Além destas habilidades mencionadas, a comunicação entre paciente, cuidador e profissional da área da saúde é de suma relevância, à medida que o diálogo avança o vínculo aparece e deste nasce a confiança tão necessária nesta relação de ajuda. Por isso são necessárias mudanças na educação dos profissionais da área da saúde e nos sistemas de saúde, fornecendo treinamento de habilidade de comunicação, com apoio significativo para sua participação, assim teremos profissionais treinados para orientar os pacientes e para que suas vozes sejam ouvidas8,11.
Aprimorar o conhecimento sobre o tema humanização nas graduações e nas instituições, que prestam serviços de assistência à saúde, melhorara a qualidade dos atendimentos prestados aos pacientes, pois para cuidar de pessoas requer uma relação de mão dupla em saber o que torna a pessoa cuidada única e saber quais são as suas reais necessidades9,10.
Emmanuel Levinas afirma que “cuidar do outro é um imperativo moral, e quando o cuidado é profissionalizado, adquire uma dimensão normativa, com compromisso com o paciente, passando a fazer parte do núcleo interno da profissão de saúde, e entre o qual não só a compaixão ou preocupação em fazer bem, mas antes na ação, um olhar atento e a aplicação do conhecimento científico. É isso que define a profissionalização.”9.
Dentro dos cuidados, o cuidado nutricional é imprescindível, pois através da intervenção nutricional precoce é possível auxiliar na manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente, uma vez que a alimentação está correlacionada às emoções e aos sentimentos. Estes pacientes podem sofrer influências de uma série de fatores como uso de medicamentos, presença de dor, sintomas desconfortáveis, como náuseas, vômitos, disgeusia, anorexia, xerostomia e tantos outros devido a terapia proposta, como por exemplo quimioterapia, radioterapia, cirurgia e outros tratamentos3,7.
As necessidades nutricionais podem variar dependendo do tipo de tumor, localização e do estado nutricional do paciente, por isso a necessidade de compreender, executar e investir esforços no intuito de potencializar condutas profissionais que priorizem o cuidado humanizado e individualizado dentro de uma equipe multiprofissional. Intervenções precoces, como a assistência nutricional, podem auxiliar a minimizar os impactos emocionais, demonstrando esperança e cuidado com este paciente3,7,11.