A Relação entre Nutrição e Câncer de Ovário: Da Prevenção ao Tratamento
Marciele Alves Bolognese – CRN-8 11786 – Maringá/PR
Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO
O câncer de ovário representa um significativo desafio na saúde feminina, sendo uma das neoplasias ginecológicas com maior taxa de mortalidade. Estima-se que para o triênio 2023-2025 a incidência seja de 7310 novos casos por ano1. Sua detecção frequentemente tardia e alta probabilidade de recorrência destacam a importância de estratégias preventivas e de manejo, onde a nutrição desempenha papel fundamental2. Pesquisas recentes demonstram que fatores nutricionais influenciam desde o risco de desenvolvimento da doença até a resposta ao tratamento e qualidade de vida das pacientes3.
Estudos epidemiológicos revelam que certos componentes dietéticos podem aumentar o risco de câncer de ovário. O padrão alimentar ocidental pode estar associado a um maior risco de câncer endometrial e de ovário4, assim como dietas ricas em gorduras saturadas, que promovem inflamação e estresse oxidativo5. A obesidade, embora com relação menos consistente do que em outros cânceres, permanece como fator relevante, particularmente para subtipos específicos como os tumores endometrioides5.
Durante o tratamento, o estado nutricional das pacientes se mostra determinante para os resultados terapêuticos2. Parâmetros como IMC, níveis de albumina sérica e o Prognostic Nutritional Index (PNI) servem como importantes preditores de resposta à quimioterapia6. Pacientes com desnutrição apresentam maior toxicidade ao tratamento, menor resposta imunológica e risco elevado de interrupção terapêutica. Estratégias nutricionais como dietas hiperproteicas, suplementação com ômega-3 e cuidadoso manejo de antioxidantes podem melhorar significativamente a tolerância ao tratamento7.
Para prevenção primária, a dieta Mediterrânea surge como opção promissora, com seus componentes anti-inflamatórios como azeite, peixes e vegetais8. Já para sobreviventes, a manutenção de peso adequado e a prática regular de atividade física associam-se à redução no risco de recorrência7. A abordagem nutricional deve ser sempre individualizada, considerando características genéticas, subtipo tumoral e perfil metabólico de cada paciente.