A IMPORTÂNCIA DAS FIBRAS ALIMENTARES NA PREVENÇÃO DO CÂNCER COLORRETAL

DAIANE FLAVIA DE SOUZA MACHADO

Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO – Rio de Janeiro/RJ

 

A IMPORTÂNCIA DAS FIBRAS ALIMENTARES NA PREVENÇÃO DO CÂNCER COLORRETAL

 

DAIANE FLAVIA DE SOUZA MACHADO

Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO – Rio de Janeiro/RJ

 

INTRODUÇÃO

No Brasil, o câncer de cólon e reto se encontra entre os cinco primeiros cânceres mais frequentes e sua incidência não é homogênea em todo o país, sendo mais prevalente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.¹

As estimativas feitas para o Brasil, para 2022 é de 20.540 casos de câncer de cólon e reto em homens e 20.470 em mulheres. E é o segundo tipo de câncer mais incidente em homens nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e é o terceiro na Região Sul e ocupa o quarto lugar nas Regiões Nordeste e Norte. Já em mulheres, é o segundo nas Regiões Sul e Sudeste e o terceiro nas Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Isso excluindo os tumores de pele não-melanoma.²

Os principais fatores de risco são: idade superior a 50 anos; história familiar de câncer de cólon e reto; dieta com alto conteúdo de gordura e carne, baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais, e ainda o consumo abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo.³ 4

A realização de exames periódicos, a partir dos 50 anos, como o exame de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, são fundamentais para detectar o câncer de cólon e reto em sua fase inicial e poderia prevenir a alta incidência de óbito.5 6

O câncer de cólon e reto em um estágio avançado apresenta sintomas como: sangramento, mudança do hábito intestinal, desconforto abdominal, perda de peso e anemia.5 7

A posição do tumor tem relação com os sinais e sintomas apresentados. O cólon esquerdo armazena fezes com densidade semissólida, o que favorece que se manifeste através de sangramento vivo nas fezes, alteração do hábito intestinal e sintomas obstrutivos em um período da doença mais precoce. No cólon direito as fezes possuem uma consistência menor e assim demoram mais a apresentar sintomas obstrutivos, mesmo com tumores de tamanho grande. Neste grupo as manifestações clínicas mais frequentes são a anemia inexplicada, sangue oculto nas fezes, desconforto abdominal pouco definido e também massa abdominal palpável.8

No tratamento, preconiza-se a radioterapia, quimioterapia, ou a utilização de ambas e a cirurgia.9

As fibras alimentares são definidas como componentes que resistem à digestão e são fermentadas no intestino e possui vários efeitos benéficos importantes na prevenção e tratamento do câncer de cólon e reto. E podem ser classificadas quanto a sua solubilidade, em solúvel e insolúvel. As fibras solúveis (goma, pectina e betaglucanas) retardam o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal, alteram o metabolismo colônico, por meio da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como acético, propiônio e butírico; são altamente fermentáveis e tem alta viscosidade. As fontes destas são as frutas, legumes, farelo de aveia, cevada e leguminosas. As fibras insolúveis (lignina, mucilagens, celulose e algumas hemiceluloses) aumentam o bolo fecal e aceleram o trânsito intestinal, são pouco fermentáveis e não são viscosas. Suas fontes alimentares são farelo de trigo, grãos integrais e verduras.10 11

A fibra exerce vários efeitos no trato gastrointestinal, mas se acredita que os efeitos protetivos contra o câncer de cólon e reto acontecem através da aceleração do trânsito intestinal, que reduz o contato direto entre os agentes carcinogênicos fecais com a mucosa intestinal; aumento do bolo fecal, levando a diluição dos agentes carcinogênicos; as fibras podem absorver os sais biliares, os quais são considerados agentes favoráveis ao surgimento e desenvolvimento do câncer de cólon e reto; a fermentação das fibras alimentares por ação bacteriana pode gerar ácidos graxos de cadeia curta, os quais diminuem o ph do meio, reduzindo a conversão de ácidos biliares, criando um ambiente menos propício para o desenvolvimento da neoplasia e pelas fibras terem um modulador da glicemia e insulina, pois o consumo elevado de produtos refinados está associado ao aumento do risco deste tipo de câncer.12

Recomenda-se um consumo diário de 25 a 35g/dia de fibras, sendo 70% a 75% de fibras insolúveis e 25% a 30% de fibras solúveis para adultos. Uma alimentação equilibrada e balanceada, contendo cereais, tubérculos, raízes, frutas, legumes e verduras facilmente supre esta quantidade de fibras.10

Portanto, a ingestão de fibras na alimentação é muito importante para a prevenção de Câncer de cólon e reto, como também traz inúmeros benefícios para a saúde. Logo, é imprescindível procurar um nutricionista especialista em Oncologia na sua região, para te orientar e adequar sua alimentação as suas necessidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

  1. ZANDONAI, A. P.; SONOBE, H. M.; SAWADA, N. O. Os fatores de riscos alimentares – para câncer colorretal relacionado ao consumo de carnes. Revista Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 46, n. 1, p. 234-239, 2012.
  2. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2020, 118 p. Disponível em: < https://www.inca.gov.br/estimativa/sintese-de-resultados-e-comentarios >. Acesso em: 15/12/2021.
  3. ATTOLINI, R. C.; GALLON, C. W. Qualidade de vida e perfil nutricional de pacientes com câncer colorretal colostomizados. Revista Bras. de colo-proctol, Rio Grande do Sul, v. 30, n. 3, p. 289-298, 2010.
  4. VASQUES, A. L. R.; PERES, M. A. Tendência temporal da mortalidade por câncer de cólon e reto em Santa Catarina no período entre 1980 a 2006. Revista Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 19, n. 2, p. 91-100, 2010.
  5. DIAS, A. P. T. P.; GOLLNER, A. M.; TEIXEIRA, M. T. B. Neoplasias colorretais: aspectos epidemiológicos, endoscópicos e anatomopatológicos – estudo de série de casos. HU Revista, Juiz de Fora, v. 35, n. 4, p. 305-314, 2009.
  6. HONÓRIO, J. C; TIZZOT, M. R. P. Análise dos métodos na pesquisa de sangue oculto nas fezes. Cadernos da Escola de Saúde, Curitiba, v. 3, p. 1-11, 2010.
  7. RÊGO, A. G. S., et al. Câncer Colorretal em Pacientes Jovens. Revista Brasileira de Cancerologia, Piauí, v. 58, n. 2, p. 173-180, 2012.
  8. A., et al. Perfil epidemiológico e evolução dos pacientes com câncer do cólon e reto atendidos no Hospital Regional Alto Vale no ano de 2008. Arquivos Catarinenses de Medicina, Santa Catarina, v. 39, n. 4, p. 62-67, 2010.
  9. FONTES, A. P. S.; CÉSAR, E. T.; BERALDO, H. A química inorgânica na terapia do câncer. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, v. 3, n. 25, p. 215-219, 2011.
  10. PACHECO, M. Tabela de Equivalentes, Medidas Caseiras e Composição Química dos Alimentos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2011, 49 p.
  11. FORTES, R. C., et al. Alterações Gastrointestinais em Pacientes com Câncer Colorretalem Ensaio Clínico com Fungos Agaricussylvaticus. Revista Bras. Coloproct, Brasília, v. 30, n. 1, p. 45-54, 2010.
  12. FRIEDRICH,R. R. A influência da alimentação no câncer colorretal, 2009, p. 15. Monografia (Pós-Graduação em Saúde Pública) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.
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